O Concurso promovido pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN) decorreu até 18 de Setembro de 2013 e contou com a participação de 34 equipas concorrentes oriundas de Portugal, Itália, Holanda, França, Lituânia, Brasil, Paquistão, Suíça e Egipto.
Este Concurso teve como objectivo principal definir estratégias de regeneração urbana para o quarteirão delimitado pela Rua Alvares Cabral, Praça da República /Rua Mártires da Liberdade, Rua dos Bragas e Rua de Cedofeita e espaço público confinante e permitir a reflexão e debate em torno de processos de regeneração urbana e de diálogo interdisciplinar, propondo estratégias de acção para esta área da cidade, na ligação entre o eixo da Boavista e da Baixa do Porto.
O local proposto a concurso, oferece condições únicas para se constituir como caso de estudo no âmbito desta temática, pela localização central na cidade do Porto e potencial de dinamização do eixo Boavista-Baixa, pela riqueza intrínseca do seu edificado e excepcionalidade dos espaços interiores do quarteirão.
O trabalho a seguir apresentado é o resultado da colaboração com os colegas arquitectos Filipa Figueira, Tiago Vieira e Nuno Neto e foi o 8º classificado neste Concurso.
A intervenção neste local pretende abri-lo à cidade e transformá-lo num motor produtor de vivências que traz até si novas dinâmicas urbanas.
Além da intenção de complementar as redes identificadas como sendo cruciais ao bom funcionamento de uma estrutura como este quarteirão, pretende-se a requalificação da habitação e do edificado existente e a manutenção dos espaços verdes.
Para permitir e potenciar o uso indiferenciado do interior do quarteirão são garantidos os acessos pedonais e clicáveis em toda a área da proposta e nos vários atravessamentos propostos, que permitem a comunicação com todas as frentes urbanas já consolidadas.
Tirando partido da situação excepcional do quarteirão incluir numa área significativa os edifícios da antiga Companhia Aurifícia, é proposto transformar a sua condição de elemento fracturante do quarteirão para a peça que une todo o espaço da intervenção. Este objectivo é atingido pela localização da grande parte das novas funções neste local e também pelo cruzamento dos novos percursos propostos pelos edifícios da fábrica. Estes percursos transformam o interior do quarteirão que se encontra abandonado num espaço urbano qualificado.
As opções programáticas definidas na proposta procuram tirar partido e potenciar o eixo que liga a rua de Cedofeita à estação de metro da Lapa; por outro lado, atrair para o local os alunos dos vários estabelecimentos de ensino que existem nas proximidade, desde o ensino primário ao universitário, em conjunto com instituições de referência da cidade, como a Casa da Música, a Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo, a Fundação José Rodrigues, entre outras. Esta relação permitirá activar não só o Quarteirão e as áreas contíguas mas também a cidade entre ele e todas as instituições envolvidas.
Esta comunicação ao nível macro (com a cidade) e micro (no interior do quarteirão) é essencial à sustentabilidade deste tipo de intervenção. Por este motivo, recusando e afastando-nos da retórica de que a cultura não tem retorno económico a nossa intervenção passa pela proposta de várias actividades que necessitem das restantes para se complementarem. Estabelecendo assim, um circuito interno de relações económicas e sociais que é a base da relação do conjunto com a cidade envolvente.